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Mercado de CBios registra o maior número de negociações quinzenais do ano

Com a safra de cana-de-açúcar 2021/22 se encaminhando para o encerramento do segundo trimestre, o mercado de créditos de descarbonização (CBios) está mais aquecido. Um aumento de preços – e também de volume de negociações – marcou a segunda quinzena de agosto.


Entre os dias 16 e 31 do último mês, os CBios foram negociados, em média, a R$ 28,66, representando um aumento em relação à quinzena anterior, quando os preços ficaram em R$ 27,53.


O cenário reverte a tendência de retrações que os títulos estavam sofrendo. Após altas nas duas quinzenas de abril, o preço caiu nos seis acompanhamentos seguintes realizados pelo NovaCana, referentes ao período de maio a julho. Na primeira quinzena de agosto, o valor do crédito ficou estável.


Ainda assim, em comparação com o valor médio de 2021 – de R$ 29,68 por CBio –, as atuais negociações representam um declínio de 3,4%. Já ante a média histórica, de R$ 36,89, a queda é de 22,3%.


Os valores correspondem ao acompanhamento de mercado realizado pela B3, única entidade registradora do programa.


No período, o preço mais elevado foi registrado em 31 de agosto, de R$ 31,40. Por se tratar do último dia do mês, o movimento pode indicar que virão novos aumentos pela frente. Com isso, os CBios voltaram a superar a marca dos R$ 30, valor médio projetado pelo Santander e pelo Instituto de Pesquisa e Educação Continuada em Economia e Gestão (Pecege) para 2021.


Já o preço mais baixo registrado na quinzena foi de R$ 26,85.


Desde o início da comercialização dos créditos, em junho do ano passado, seu valor variou entre R$ 15 e R$ 72. Em 2021, a variação foi menos ampla, indo de R$ 26,75 a R$ 35,70.


De acordo com a B3, durante a primeira quinzena de agosto, o mercado de CBios contabilizou 1,12 mil negociações, a maior quantia deste ano. Além disso, foram totalizadas 2,15 milhões de trocas de titularidade no período – também o maior volume quinzenal de 2021 –, chegando a 23,64 milhões no acumulado do ano.


“Os números refletem todas as operações de compra e venda envolvidas em um ciclo de negociação. Assim, no caso de intermediações realizadas por corretoras ou outras instituições, primeiro é realizada uma operação de compra das quantidades e, depois, uma operação de venda para o investidor final”, explica a B3.


Emissões de CBios

Além de os preços dos títulos estarem subindo, a oferta de CBios segue crescendo. O número de CBios escriturados pelas produtoras de biocombustíveis em 2021 já soma 20,24 milhões.


A quantidade está 9,98 mil créditos abaixo da registrada no acompanhamento realizado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), de 20,25 milhões. O valor é calculado com base nas notas fiscais de comercialização cadastradas para gerar o lastro dos CBios em 2021, de modo que a expectativa é que estes títulos adicionais sejam escriturados nos próximos dias.


Somente na segunda metade de agosto, a geração de crédito foi de 1,78 milhão de unidades, conforme a B3. O montante quinzenal representa um incremento de 96,7% ante os 903,46 mil créditos vistos na primeira metade de agosto e é o maior desde a segunda metade de março, quando foram escriturados 1,79 milhão de créditos.


Levando em conta as atuais emissões e o saldo de CBios deixado ao final de 2020, o volume total de títulos disponibilizados ao mercado chega a 24,2 milhões. Esta quantia é suficiente para atender a 97,4% da meta estipulada pelo RenovaBio para este ano, de 24,86 milhões de créditos.


Ao longo de toda a história do RenovaBio, as produtoras de combustíveis já emitiram 38,81 milhões de créditos.


Atualmente, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), 290 unidades participam do RenovaBio; destas, duas fabricam biometano e 30, biodiesel. Dentre as 258 usinas de etanol certificadas, 248 utilizam apenas a cana-de-açúcar; seis processam milho e cana; três, apenas milho; e uma produz biocombustível de primeira e de segunda geração de forma integrada.


Posse e aposentadoria

Ao final de agosto, o número de CBios disponível para compra e venda era de 20,82 milhões. A maior parte destes títulos estava em posse das usinas, com 10,32 milhões de unidades. Na sequência, as distribuidoras de combustíveis fósseis – que possuem metas a cumprir no RenovaBio – detinham 10,27 milhões de créditos. E, por fim, investidores sem metas armazenavam 219,71 mil CBios.


Em comparação com o registrado ao final da quinzena anterior, estas posições marcam avanços de 5,5% para as usinas, 10,8% para as distribuidoras e 23% para os demais investidores.


A elevação em todas as categorias aconteceu por conta do aumento do número de CBios que entrou no mercado. Além disso, na quinzena, 200,83 mil títulos foram retirados de circulação, em linha com o volume da segunda metade de julho.


No acumulado do ano, 3,39 milhões de CBios foram aposentados. Este montante é equivalente a 13,6% da meta do RenovaBio para 2021, que deve ser cumprida até 31 de dezembro.


A B3, entretanto, não informa se as aposentadorias foram feitas por distribuidoras ou por investidores. Conforme regulamentação aprovada pela ANP em maio deste ano, os CBios que forem aposentados por agentes sem metas a cumprir poderão ser abatidos das obrigações das distribuidoras. A redução, entretanto, só deve ser contabilizada para os objetivos de 2022.

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